Quando administrar antibióticos às crianças
Em que casos é conveniente dar antibiótico a uma criança
- Não dar antibiótico à criança quando se trata de um vírus
- Consequências do uso incorreto do antibiótico nas crianças
- Quando dar antibiótico a uma criança
Os antibióticos servem para tratar as infecções produzidas por bactérias. Significam um dos maiores avanços da medicina e o seu uso adequado tem conseguido salvar muitas vidas. A chave está precisamente nestas duas palavras que talvez tenha passado despercebida ao mencionar as vidas salvas: ‘uso adequado’.
Então, quando é adequado administrar antibiótico a uma criança? Somente quando se tratar de uma infecção bacteriana?
Não dar antibiótico à criança quando se trata de um vírus
Os primeiros sintomas das infecções são similares para vírus, bactérias, fungos e parasitas. Estes podem ser: febre, mal estar geral, vômitos, mucos, dor de cabeça, tosse ou diarréia, entre outros. Quando o tempo de evolução é curto é difícil afinar o diagnóstico. Pode ser um simples catarro produzido por um vírus ou o início de uma otite ou uma pneumonia causada por bactérias. Parece lógico então começar com um antibiótico, afinal pode ser realmente ser uma infecção bacteriana. É um raciocínio sensato, mas nem sempre correto.
Em primeiro lugar é importante conhecer que mais de 90% das infecções que as crianças sofrem são por vírus. Portanto, os antibióticos não ajudarão nestes casos. Estas infecções apresentarão febre durante 1 a 5 dias. Quando a febre dura pouco não costuma haver problemas, mas quando se prolonga os pais começam a exigir o antibiótico aos seus pediatras. É muito comum observar uma criança correndo, brincando e pulando na sala do pronto socorro, enquanto seus progenitores juram que em casa tinha muita febre e se encontrava muito mal. Isso é um vírus, e não se deve tranquilizar com palavras, mas com receitas. Infelizmente, muitos pediatras acabam cedendo à pressão da família e prescrevem o desejado antibiótico.
De forma mágica, após a primeira dose do esperado medicamento, o doente saltitante fica sem febre e todo o mundo fica contente. E daí vem a grande frase: ‘Eu já dizia pro pediatra que sem antibiótico não se cura...’. Curioso efeito mágico, levando em conta que os fármacos devem alcançar uma dose no organismo para começar a ser efetivos e a melhora nunca é imediata. Não será que a infecção por vírus não estava muito perto da sua cura?
Consequências do uso incorreto do antibiótico nas crianças
Mas, por que este empenho em reservar antibióticos? Por que é tão difícil que agora nos prescrevam um? O que ganham os pediatras guardando com tanto esmero esses tesouros únicos? A resposta é muito simples: o uso desnecessário de antibióticos nos leva ao desenvolvimento de resistências por parte das bactérias. Ou seja, se não os utilizarmos bem, amanhã não nos curarão.
Durante muitos anos, o uso de antibióticos não foi controlado de forma adequada. Os médicos receitavam diante o primeiro sintoma sem esperar a evolução da doença, e inclusive nas farmácias era possível comprá-los sem receita. Daí outra grande frase: ‘Antes quando você tossia já te davam antibióticos, agora você tem que estar morrendo para que te receitem alguns’. No entanto, graças àqueles anos, muitos países no mundo todo desenvolveram bactérias resistentes aos antibióticos.
Bom, e daí? Que fabriquem mais! Novos e mais poderosos! Mas, o caso não é assim tão simples. Existem poucos, e os novos não chegam tão rápido. De fato, já existem algumas infecções para as quais não existe nenhum antibiótico eficaz. Por isso são tesouros. Por isso são armas valiosas que devemos cuidar (todo o mundo). Porque cada antibiótico que economizamos é uma nova opção terapêutica para o futuro.
Quando dar antibiótico a uma criança
Em resumo, dêem ouvidos aos seus pediatras. Não lhes exijam tratamentos, nem reclamem. E quando receitarem um antibiótico respeite as orientações, as doses e os dias de tratamento. Pensem no valor incalculável da medicina que você tem em mãos e ajude com que os antibióticos continuem salvando vidas.
Dr. Roi Piñeiro Pérez
Chefe Associado do Serviço de Pediatria. Hospital General de Villalba
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