O sentimento de culpa nas crianças

Como se forma o sentimento de culpa na infância

Vilma Medina, Diretora de Guiainfantil.com
Neste artigo
  1. Não é a mesma coisa responsabilizar que culpar as crianças
  2. Efeitos negativos do sentimento de culpa nas crianças 

O sentimento de culpa nas crianças não é algo inato. A gente não nasce com ele. A gente aprende a nos sentirmos culpados das coisas que fazemos ou dizemos à medida que crescemos e aprendemos das situações sociais que vivemos. Trata-se de um sentimento que se constrói paulatinamente e que tem a ver com o desenvolvimento moral que o menino ou a menina vai construindo ao longo da sua vida, mas, sobretudo, o sentimento de culpa tem mais a ver com o estilo parental sob o qual tem sido educado.

Não é a mesma coisa responsabilizar que culpar as crianças

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Desde pequenos a gente aprende a culpar os outros para não nos sentirmos mal ou culpar a nós mesmos de quase tudo o que acontece. As mensagens que recebemos dos nossos pais ou pessoas que significam muito pra gente (professores, avós...) do tipo: ‘é por sua culpa que... ’ ou ‘ olha o que você fez, você não tem vergonha?!’ influenciam na gente ao longo de toda a vida e faz que cresça na gente o sentimento de culpa em maior ou menor medida.

São muitas as teorias que se tem estudado e tratado de explicar porque umas crianças são mais propensas a desenvolver um sentimento de culpa maior que outras, e muitas coincidem que o sentimento de culpa aparece e é produzido diante de situações de disciplina nas quais os pais, sobretudo, fazem ver as consequências negativas das ações dos seus filhos diante dos demais.

Este tipo de disciplina é uma faca de dois gumes, porque apesar de que as crianças devem aprender as consequências dos seus atos ou comportamentos, muitos pais tendem a utilizar a culpa como único meio de responsabilizar a criança pelos seus atos. E é justamente aqui que a gente se engana. Não é a mesma coisa responsabilizar que culpar.

O certo é que devemos educar nossos filhos no que é certo e no que é errado, estabelecer normas e limites que os ajudem a compreender as consequências das suas ações, mas devemos fazê-lo em relação à responsabilidade e não à culpa. Responsabilizar significa ensinar aos nossos filhos a fazer as coisas sabendo que, ao fazê-las estão fazendo corretamente, fazendo bem não por obrigação ou por medo do que possa ocorrer.

Responsabilizar significa educar na independência e autonomia, confiando nas suas capacidades dos nossos filhos, admitindo o erro como parte do desenvolvimento e do caminho que nossos filhos devem traçar.

Efeitos negativos do sentimento de culpa nas crianças 

Os pais têm a obrigação de tratar com que a criança assuma as consequências dos seus atos sem prejudicar sua autoestima. Mas, se como pais, a gente passa o dia todo ressaltando os erros, mostrando somente as coisas ruins que tenham feito, nós criaremos crianças inseguras que se sentirão culpadas de não ser as crianças que a gente esperava ter.

Com o tempo, elas evitarão tomar decisões ou serem espontâneas. Elas se sentirão temerosas e provavelmente vão mentir mais para os pais, para evitarem novas repreensões que as façam se sentir culpadas. Em definitivo, estaremos limitando nossos filhos, que se tornarão mais esquivos, submissos e vulneráveis.

Pensemos que, ao estar constantemente recriminando a uma criança cada vez que fizer uma coisa ruim, acabamos lesionando gravemente sua autoestima e o conceito que tem de si mesma. Isso produz uma deterioração das suas habilidades sociais e consequentemente um modo inadequado de se relacionar com os outros e consigo mesmo.

Em resumo, o sentimento de culpa é uma emoção altamente destrutiva e paralisante. Em consequência devemos evitar dizer aos nossos filhos frases do estilo: ‘outra vez a culpa é sua’, ‘você é a culpada por isso’, ‘por sua culpa eu me sinto assim’, se não for bom, ninguém vai gostar de você’. Frases que alimentam o sentimento de culpa e que não leva a lugar algum, porque não são educativas, nem pedagógicas, nem emocionalmente aceitáveis.

Sara Tarrés Corominas
Psicóloga infantil
Orientadora infantil

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