O abuso sexual em crianças tem um cúmplice: o silêncio

Vilma Medina, Diretora de Guiainfantil.com
Neste artigo
  1. O silêncio e a vergonha no abuso sexual em crianças
  2. O que fazer no caso de suspeita de abuso sexual numa criança

Os grandes conspiradores do abuso sexual aos menores são a vergonha e o silêncio. Dá raiva pensar que depois de tantos anos de abusos e estupros a crianças, depois de tanto material encontrado em fotografias e vídeos, que mostram a quantidade de crianças que sofreram abusos, tenha sido a vergonha e o silêncio a causa de um grande prejuízo que poderia ter sido evitado antes

O silêncio e a vergonha no abuso sexual em crianças

Como detectar um abuso sexual em crianças

O abuso sexual em crianças tem um cúmplice, o silêncio. Ainda que, de modo geral, as pessoas tendam a culpar as autoridades do fracasso nas investigações nesse tipo de delito, a realidade fica patente que o silencio e a vergonha das vítimas são os verdadeiros responsáveis do pouco êxito na detecção precoce do abuso sexual a crianças, inclusive com estupros. 

A forma de agir do próprio grupo familiar ou as pessoas que rodeiam a vítima impede, em muitos casos, a intervenção das autoridades. Os motivos psicológicos são muito poderosos: a culpa (alguns acreditam que ‘tiveram alguma coisa a ver’ para isso ocorresse), o medo da reação do meio e a vergonha. Tudo isso faz que o silêncio, praga das trevas, aumente o tempo que transcorre entre a ação do delito e sua denúncia. Esse prolongamento favorece ao agressor, inclusive quando existem lesões físicas visíveis ou gravidez.  

A melhor resposta para acabar com o silêncio e a vergonha é educar. Somente mediante a educação das crianças sobre o problema, conseguiremos vencer o primeiro obstáculo: a comunicação. É necessário que todas as crianças saibam que podem ser vítimas de abuso sexual por parte de um adulto, inclusive próximo a elas, e que elas devem contar para as pessoas de sua maior confiança, que devem ser os pais. 

A maioria dos menores que sofrem algum tipo de abuso sexual termina manifestando isso de alguma maneira, normalmente de forma velada. As alterações bruscas na sua conduta, ou difíceis de justificar, podem se revelar como sinais importantes a serem levados em conta, e para que se possa falar disso, é fundamental criar um clima de comunicação, confiança e diálogo na família

Os pais devem suspeitar que um menor esteja sofrendo algum tipo de abuso sexual quando existem alguns indicadores físicos como manchas roxas, infecção urinária, dor ao se sentar ou ao andar, sangramento, ou outros indicadores do tipo psicossomático como os transtornos alimentares (anorexia, bulimia) ou insônia. As mudanças de comportamento também são muito reveladoras para os pais: desconfiança, introspecção, tendência ao isolamento, reprodução de comportamentos sexuais que não correspondem à idade, agressividade, problemas escolares, ou transtornos emocionais como a ansiedade, depressão, sentimento de culpa, medos, pânicos e fobias, rejeição a alguns adultos, conflitos familiares. Esses são alguns dos sinais que devem ser levados em conta.  

O que fazer no caso de suspeita de abuso sexual numa criança

Se os pais suspeitarem que os abusos sexuais estejam acontecendo, eles devem agir da seguinte maneira: 

1. Pergunte com muito tato o que está acontecendo. Preste atenção no que o seu filho contar, como ele conta e como ele reage. 

2. Acredite na criança. As crianças não devem mentir a esse respeito. São muito raros os casos de crianças que inventam uma agressão sexual. 

3. Convença a criança que ela não é culpada pelo que está acontecendo, porque a maioria das crianças que sofrem abusos chega a desenvolver um verdadeiro sentimento de culpa. Não podem compreender que alguém faça danos a elas sem haver alguma razão, sem haver feito nada para merecê-lo. A criança deve ser convencida que o culpado sempre é a pessoa maior, que cometeu o delito. 

4. Assegure sua proteção pessoal, seu apoio e que você fará o possível para solucionar o problema.

5. Reforce sua autoestima e ajude-a a renovar a sua confiança em si mesma. 

Marisol Nuevo. Redatora

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