Zika vírus. Um médico espanhol esclarece suas dúvidas
O que é o zika vírus e como se pode evitar o contágio
- Dúvidas sobre o zika vírus
Como os melhores vídeos, o bosque de Zika, situado na Uganda, tornou-se um ‘viral’ nos últimos meses. A culpa não é da sua frondosa vegetação, tão pouco de uma campanha turística sem precedentes. A origem da sua fama se deve a que ali, segundo dizem, descobriu-se pela primeira vez uma infecção praticamente desconhecida até hoje. Daí, que o zika vírus que produz a doença tenha o mesmo nome: Zika.
Dúvidas sobre o zika vírus
1. Como se transmite a doença?
A culpa de tudo isso tem um mosquito chamado Aedes aegypti, que além de transmitir a popular dengue, e a menos célebre febre Chikungunya, agora também transmite o zika vírus. Hoje em dia, uma picada nunca foi tão incômoda. Além disso, o zika vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa, através do sangue contaminado, fluídos sexuais e por via perinatal (da mãe para o feto). Não se transmite pelo ar, nem pelo contato pele a pele, nem por beijos nem através do aleitamento materno. Na Espanha, não existem casos de transmissão de doenças por esse mosquito, ainda que potencialmente ninguém esteja a salvo. A mudança climática favorece a chegada de insetos ao nosso país que poderiam transmitir estas e outras doenças. Não se trata de assustar, trata-se de nos prepararmos.
2. É uma doença mortal?
A infecção não é tão grave. Aproximadamente 80% das pessoas infectadas não apresentam nenhum sintoma. Quando a doença se desenvolve, aparece febre intermitente, dor de cabeça, manchas pela pele e nos olhos e dores nos músculos e articulações. Num período de 3 – 7 dias os sintomas desaparecem sem deixar sequelas, ainda que as dores nas articulações possam persistir por mais tempo. Já foram descritos casos mortais, mas não são frequentes. De fato, a gripe apresenta maior mortalidade.
3. Existe tratamento? Como posso me prevenir do zika vírus?
Não existe nenhum tratamento específico nem existe vacina. A única coisa que podemos fazer como na gripe é tratar os sintomas e esperar. A melhor prevenção atualmente é evitar a picada do mosquito seguindo as seguintes recomendações:
- Uso de repelentes e mosquiteiros e telas nas janelas e portas.
- Evitar expor braços e pernas, sobretudo ao amanhecer e ao anoitecer (se fizer calor, a roupa de linho é uma boa opção).
- Evitar roupa com cores chamativas para os insetos, fundamentalmente amarelo e outras cores intensas (berrantes).
- Colocar as meias por cima das calças e evitar o uso de sandálias ou caminhar descalços.
- Em geral, qualquer coisa que a gente possa fazer para tornar a vida dos mosquitos mais fácil.
4. Como o zika vírus afeta as gestantes?
Mas, se é uma doença geralmente leve, por que tanto alarme e tanta fama?
O principal motivo de preocupação com o zika vírus surge quando contagia mulheres grávidas, já que o vírus se transmite através da placenta e ocasiona problemas no feto. Deles, o mais grave é o que se conhece como microcefalia, um defeito no desenvolvimento do cérebro e do crânio que pode provocar atraso psicomotor e inclusive a morte. Uma dificuldade que se acrescenta ao zika é que 80% dos infectados não têm sintomas e a má notícia chega de forma inesperada durante os controles ecográficos da gestação. E uma vez estabelecida a microcefalia, tão pouco existe cura e tão pouco existe vacina conhecida na atualidade.
Evidentemente, isso está gerando um alarme a nível global, centralizado principalmente nos países da América Latina onde já foi registrado até o momento um maior número de casos, mas isso pode ser estendido ao mundo pelo risco de transmissão entre humanos; um risco baixo, mas possível. Precisamente, na América Latina a maioria dos países está recomendando as gestantes que se protejam ao máximo contra as picadas do mosquito, e inclusive em alguns países estão recomendando às mulheres que não engravidem até eu chegue a estação do ano menos propícia para os insetos, ou seja, o inverno.
5. O zika vírus chegará à Espanha?
E uma pergunta das espanholas: Existe motivo de alarme na Espanha? Atualmente não, mas convém que a gente comece a se familiarizar com os conselhos gerais para evitar picadas de insetos. Nunca se esqueçam. Na Espanha já tivemos a malária, ainda que hoje a alguns, isso soe um pouco raro ou impossível. E como é fácil hoje em dia se locomover entre os continentes, e a mudança climática, vocês podem até me chamar de louco, mas vigiem os mosquitos mais próximos e, sobretudo, não facilitem a vida deles.
Roi Piñeiro Pérez
Pediatra
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